Neste preciso momento em que começo a
escrever, mais coisa menos coisa, em Barcelona, começa um novo espectáculo da
digressão espanhola destes dois monstros da música. Dentro de algumas
horas, o Youtube estará inundado de imagens de mais um concerto inesquecível destes
dois corvos que me arrancaram a mim e ao Pedro de Lisboa a meio da semana,
improvisando soluções de asilo temporário para as crianças, para galgarmos num
ápice os quatrocentos e cinquenta quilómetros que nos separam de Sevilha e assistir ao
concerto dos senhores Serrat y Sabina. Nenhum de nós dá por mal gasto o tempo
nem o dinheiro. Além de termos sido recebidos por Sevilha no seu melhor, o
majestoso espectáculo, a poesia eloquente dos dois anfitriões e o desempenho
poderoso da Orquestra do Titanic não desmereceram em nada o esforço feito para
chegar lá. O concerto começou bem, acabou melhor e eu, mesmo sabendo que estes
espectáculos se repetirão vezes sem conta até ao fim do ano em diferentes
partes do mundo, não deixo de ter a sensação, como me dizia o Pedro no final,
de ter “assistido a uma coisa única”. Não obstante o virtuosismo musical e a
belíssima poesia de que pudemos desfrutar, arrisco a dizer que o segredo talvez
esteja nesse casamento perfeito que é o de Joan Manuel Serrat e de Joaquín
Sabina, nessa cumplicidade que os une e que transparece em palco,
contagiando-nos a todos e fazendo‑nos sentir quase como se fizéssemos parte da
mesma aliança. Eu, que não sou propriamente ingénua em matéria de concertos,
considero-o um dos melhores a que assisti na vida e não me canso de ver
repetidamente as imagens com que almas caridosas têm vindo a alimentar o Youtube
desde terça à noite. Excepcionalmente, a todos esses piratas do áudio e do
visual, os meus agradecimentos por me ajudarem a perpetuar uma deliciosa
recordação. Para quem tiver ficado curioso, é só procurar pela imprensa
espanhola porque são mais que muitos os artigos (e os elogios!) que ficam na esteira do voo destes pajaros. Pela minha parte, não
tenho mais nada a acrescentar a não ser que todo o concerto é, além do mais, o desmentido
cabal da declaração inicial de Sabina: “No
somos así tan amigos”. E fico com a sensação de que melhor que ver dois
grandes artistas em palco, só mesmo ver dois grandes amigos em palco.
Até sempre!
O rosto feliz da Escrita(s) em dia antes do início do concerto. Do fim, não temos fotografias porque não havia mãos que chegassem para aplaudir tanto talento. Ora vejam lá se percebem porquê... http://www.youtube.com/watch?v=S3CJfUrZ3ic
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