terça-feira, 20 de dezembro de 2011

CONFISSÕES DE NATAL – AS BOAS E AS MÁS NOTÍCIAS DA ESCRITA(S) EM DIA/2011

De tempos a tempos, levantam-se cá em casa vozes críticas que me acusam de ser totalmente desprovida de sentido comercial. Invariavelmente, sou obrigada a dar-lhes razão. E nunca a razão que têm foi tão grande como nesta altura. Porque feito todo o investimento para dar à Escrita(s) em dia e ao seu já famoso Chá com Histórias um novo visual, mais original e criativo, esta que vos fala e que, socorrendo-se da ajuda preciosa de muitos amigos e simpatizantes, é o corpo e a alma da Escrita(s), falhou prazos internos, subestimou os tempos necessários a cada etapa e, este Natal, acabou por deixar o projecto na gaveta, por falta de tempo para a divulgação e distribuição pelas lojas. Claro que para isto também contribuiu a vida, com o seu ritmo irrecusável e todas as exigências que nos impõe a um tempo que lhe pertence, mesmo quando as achamos extemporâneas. Mas contra factos não há argumentos: falhou-nos o sentido comercial para levar a empresa a bom porto, pelo menos este ano. E esta é a má notícia. A boa é que o Natal não acaba este ano e que aprendizagem feita fica guardada numa gaveta especial, durante os próximos doze meses, a marinar, à espera de nova oportunidade. Para o ano, com um pouco de sorte, tudo será diferente e veremos todos, pela primeira vez, a Escrita(s) em dia e o seu Chá com Histórias dignamente espalhado pelas livrarias e lojas criativas desta e de outras cidades do país. Fica a promessa feita.

NOVA MORADA
Mas este ano, apesar de nos termos dedicado menos à vertente criativa do projecto, a Escrita(s) em dia não esteve parada e, para além dos muitos primeiros contactos que fez (com pena nossa, ficámo-nos pelos primeiros!), também mudou de morada. Deixámos a 5 de Outubro e estamos agora junto à Praça do Chile, na Rua Neves Ferreira, nº 17. O número de telefone de contacto continua a ser o 961555794 mas já não dispomos de linha fixa.

LOJAS
Os nossos produtos, tal como os conhecemos até aqui, estão disponíveis em regime de permanência em duas lojas em pontos opostos da cidade: na Portugal Modernista, no Campo de Santa Clara (recinto da Feira da Ladra) e na Alma do Café (na Travessa das Almas, junto à Av. Infante Santo).

ESCRITA(S) EM DIA ALÉM FRONTEIRAS
Além disso, três das nossas histórias, que foram entretanto traduzidas para castelhano e catalão pela nossa amiga Natàlia Tost, fundadora e directora d’O Lado Esquerdo, além de grande entusiasta e militante das letras, também já seguiram para a Catalunha onde, já este ano, estarão à venda, disponíveis para o Natal de 2011.

E estas são as boas notícias.



LAST MINUTE
Se alguém estiver a braços com problemas de presentes de última hora, já sabe que na Escrita(s) em dia, pode escolher os presentes e eles chegam embrulhados e prontos a presentear à morada que nos indicar na data e à hora que mais lhe convierem. Temos para lhe oferecer, além do que já conhece, três histórias do Chá com Histórias (Colecção das Janelas) em três idiomas (Português, Castelhano e Catalão) com capas impressas em tipografia e novo arranjo gráfico do Luís Henriques que também repaginou os pequenos livrinhos de forma aumentar o tamanho de letra para algo mais legível. O chá também sofreu alterações e, nesta nova edição, é Chá de Natal ou Chá dos Açores da Alecrim aos Molhos, uma marca já consagrada do mercado nacional que se associou ao nosso projecto.

A parceria com O Lado Esquerdo continua em pé e a Escrita(s) em dia tem também em stock os Livros “Contos de Natal que a avó nunca te vai contar”, uma colecção de contos muito pouco natalícios em que famílias disfuncionais e políticos frustrados, entre outros, nos contam uma versão bem diferente do Natal. Contos divertidos, irónicos e mordazes e uma delícia gráfica para quem procura um presente diferente.

Já sabe, se precisar de nós, continuamos em 961555794 e no mail escritasemdia.carla@gmail.com, onde estamos prontos a receber as suas encomendas.

Por agora, despedimo-nos e vamos ao nosso Natal, tão gulosos como antes. A partir deste ano, faltar- nos-ão as farófias mas esse, como tantos outros, é um sabor que a memória decerto saberá compensar… Embora desprovidos de sentido comercial, estamos de boa saúde, temos família e amigos a rodos, uma Consoada muito concorrida e não nos falta a vontade de atacar os soberbos fritos de Natal.

A si, desejamos-lhe o mesmo.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

HISTÓRIAS DA VIDA REAL - AS FARÓFIAS DA TIA COSTINHA

Hoje era o dia marcado para publicar fotografias e novidades sobre o último lançamento da Escrita(s) em dia e também sobre a sua primeira internacionalização com expressão verdadeiramente comercial mas a vida, como sabe quem já tem idade para o saber, não costuma fazer pacotes temáticos nem aceita encomendas especiais. Pelo contrário, costuma dar-se a conhecer em verdadeiras embalagens sortidas, com montes de sabores à mistura e hoje, logo pela manhã, chegou-me a notícia de que a Tia Costinha morreu.
Em bom rigor, não se pode dizer que a Tia Costinha me fosse uma pessoa próxima, era tia de um cunhado meu, uma pessoa que conheci não há muitos anos e com quem tive a sorte de privar pontualmente antes de adoecer. Era uma alentejana do Cercal, solteira e bem-disposta, uma doceira de mão-cheia que temperava a generosidade com calda de açúcar e para quem o ex-libris da hospitalidade eram umas farófias que não deixavam ninguém indiferente.
Não é sem alguma vergonha que confesso que, assim de repente, nem me lembro de qual era o primeiro nome da Tia Costinha. Lembro-me, sim - e muito bem - que ela usava óculos com umas lentes que estariam provavelmente entre as mais grossas que já vi na vida. Lembro-me de alguém me ter dito um dia, em conversa familiar à mesa alentejana, que os usava quase desde criança. E sempre me impressionou pensar que aquelas grossas lentes nunca tinham conseguido impedir a Tia Costinha de ver a vida com contornos nítidos e pintada a cores vivas.
Outros terão, com certeza, muito mais para guardar da Tia Costinha e da sua história. A mim, sobra-me essa lição do paladar com que sabemos provar a vida, mesmo quando não nos recebe de tapete vermelho estendido e nos oferece o árido calor alentejano como pano de fundo e uma vida modesta por companhia. A Tia Costinha morreu hoje e estará decerto na estrela cimeira da minha árvore de Natal. Por todas as razões, este Natal pertence-lhe.
Como vos disse, hoje era a data agendada para publicar fotografias e novidades dos últimos feitos da Escrita(s) em dia mas a vida tem um calendário próprio e eu não posso nem quero sobrepor-me a ele. Por isso, as fotografias e as novidades ficam para outro dia. Com a vossa licença, hoje vou dedicar o dia a comer farófias que hoje – e só hoje! – me saberão um nadinha a tristeza.