quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

PALAVRAS DE UM ANO PARA O OUTRO



Mais tarde, falaremos em pormenor do primeiro calendário oficial da Escrita(s) em dia. Para já, queremos apenas desejar-lhe um excelente 2010 e esperamos que, no novo ano, continue a contar (histórias) connosco.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

UM NATAL PARA AGRADECER

A todos os companheiros de jornada da Escrita(s) em dia...
Com a véspera de Natal já a meio e caminhando a passos largos para a hora da consoada, um ano passado sobre o início auspicioso da Escrita(s) em dia, chegou o momento de partilhar convosco os agradecimentos a que me obrigam todos os presentes que este ano me trouxe.
Para começar e antes de mais, agradeço aquele momento em que, há pouco mais de um ano, olhando para uma saqueta de chá, me ocorreu que em vez de, na ponta do fio haver simplesmente uma etiqueta, poderia haver uma história.
Pegando no fio à meada e desfiando o novelo, agradeço ao Pedro cá de casa que acreditou na ideia e me encorajou a ir em frente e que, desde então, tem sido o revisor atento e o primeiro leitor das minhas histórias. E aos amigos que receberam o Calendário do Advento do ano passado, por terem gostado e de me terem dado a entender que valeria a pena perseguir esta ideia. Agradeço à Inês que, ouvindo a explicação entusiasmada da ideia ao telefone, me disse que eu tinha descoberto algo especial e que, depois disso, coseu muitas etiquetas em t-shirts, fez almofadas e saquinhos para as caixas da Escrita(s) em dia. Agradeço à minha mãe que, perante a confusão de papéis e ráfias de várias cores que desde há um ano, invadiu a mesa da sala cá de casa, me comentou no seu tom desconsolado: “Que trabalheira, Carla!”. Agradeço à minha irmã Marina, que me ajudou no caminho difícil que precedeu o início da Escrita(s) em dia e a quem devo, por assim dizer, o meu regresso de um mundo árido sem esperança nem ideias. Agradeço também à Rosário, à Marta, à Cristina e ao Pedro Martinez, amigos de muitos anos e apoiantes incondicionais da Escrita(s) em dia e da sua produção.
Agradeço muito especialmente ao Rui Antão, que me fez as primeiras encomendas no Natal do ano passado e ao senhor Artur Manso, colega da Toca, que, na altura do Dia dos Namorados, foi o meu primeiro cliente fora do círculo restrito dos amigos. Agradeço às minhas ex-colegas da Onoma que, apesar da minha saída, continuaram a ser minhas colegas e, em especial, à Ester, que tem sido, de longe, a minha melhor cliente.
Agradeço à Toca que fez de correio em todas as encomendas de colegas do trabalho, à Rita que pintou os ovos da Páscoa para as Histórias da Primavera, ao Rui Paixão que é, sem dúvida, o meu maior admirador e que faz questão de comentar os meus trabalhos, e até ao Alberto que, apesar de nunca ter chegado a fazer as prometidas ilustrações, se mostrou entusiasmado com o projecto.
Agradeço à Vanda do Sou que acolheu a Escrita(s) em dia em permanência no seu espaço e a todas as oportunidades que o Mercado Urbano me abriu, entre elas o ter dado a conhecer o meu trabalho às senhoras que mais tarde abriram a loja O Segredo e me convidaram a expor lá a minha produção. A elas, também, o meu agradecimento.
Agradeço a todos os que, ao longo deste ano me encomendaram caixas, caixinhas, almofadas, t-shirts e até cactos com histórias, textos e dedicatórias, agradeço todos os desafios que me lançaram, entre eles as encomendas históricas do Nuno Carvalho que deu origem ao “Passaporte para um Mundo de Histórias” e da Valentina graças a quem nasceu “O Chá das Duas”. Entretanto, agradeço à Cátia que fez com que a minha Zebra Zabera encetasse também a procura de um ilustrador. Já na recta final, agradeço à Tzi por me ter lançado o desafio de lhe inventar umas etiquetas de Natal quase de um dia para o outro. E ao Manuel Tomás, por ser talvez o elo mais antigo desta cadeia, mesmo que não seja adepto da Internet e não perceba ainda muito bem do que trata o meu blog.
Como não podia deixar de ser, agradeço a todas as personagens de todas as histórias escritas ao longo deste ano, desde a “Louca da casa amarela”, com quem inaugurei o Chá com Histórias, até ao Contador, que fechou com chave de ouro o Chá com Histórias de Natal.
Agradeço também a quem vive comigo, por ter aturado com compreensão e tolerância toda a desarrumação com que a Escrita(s) em dia se instalou cá em casa. E à D. Constança que aqui trabalha e viu o trabalho aumentado sempre com a mesma energia e a mesma boa disposição.
E, desejando um Natal cheio de histórias felizes, agradeço a todos quantos, anonimamente ou não, se entrelaçaram na pequena história da Escrita(s) em dia e que farão com certeza parte dessa nova e promissora história que começará no dia 1 de Janeiro de 2010.

Bem hajam. Que o vosso Natal seja a história que desejam e que 2010 vos traga a história que merecem.

Carla

Escrita(s) em Dia

Pense no que tem para dizer...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL *JOSÉ E MARIA*

"Na noite sem abrigo de Lisboa, há lugar para tudo, desde os pobres envergonhados que se acercam de nós estendendo a mão, em silêncio e com o olhar baixo, misturando-se numa mancha difusa de pobreza, sem nomes, rostos ou assinaturas. E há os altivos, verdadeiros aristocratas da miséria que, à nossa passagem, erguem os rostos sujos das caixas de cartão onde vivem com o esplendor decadente de um rei deposto. Há ainda os crentes fervorosos que tomam das nossas mãos a malga de sopa com a solenidade de uma hóstia."

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL *O NATAL DO FIM DO MUNDO*

"Ali, a distância longa e a aridez do caminho não se compadeciam de datas festivas, por isso, no Natal, a vila do Fim do Mundo continuava tão remota e desterrada como no resto do ano, com a excepção da presença do Contador de Histórias e da sua tenda milagreira. Os habitantes faziam fila no dia 24 de Dezembro à porta da tenda do Contador de Histórias, esperando a sua vez para comprar o presente desejado. Em troca de um punhado de moedas, o Contador passava o dia saciando as vontades sedentas e os desejos secretos dos moradores com histórias que tinha recolhido durante toda a sua vida e que ele fazia render como um negócio, renovando-as todos os anos como quem manda estofar um velho assento, trocando os nomes às personagens, trocando as personagens de uma história para outra, ou ainda cruzando as histórias entre si."

domingo, 20 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL *APRENDIZ DE PAI NATAL*

"Era dia 24 de Dezembro e eu vinha de um encontro com uns amigos a caminho de casa, onde me esperavam para receber a parte da família que se nos juntava nesse ano para a consoada. Olhei uma segunda vez para o homem que não dava mostras de estar disposto a desistir e, pensando com os meus botões que não tinha pressa nenhuma, atravessei a rua e decidi pôr o meu metro e oitenta e o vigor dos meus dezoito anos ao serviço de uma boa causa. Afinal, era Natal e uma boa acção vinha mesmo a calhar ao meu currículo."

sábado, 19 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL *NATAL DE BOLSO*


"Já tenho chegado a adormecer enquanto se desembrulham os presentes e por mais que faça um esforço consciente para manifestar o meu apreço, a Isabel pergunta-me sempre ao fim da noite, com um ar desiludido e destroçado, se não gostei do presente que me deu. A pergunta faz-me doer o coração porque sinto que devia estar à altura de retribuir toda a atenção e tempo que a Isabel dedicou à escolha e ao embrulho. Mas, decididamente, a euforia não está na minha natureza e o máximo que consigo é garantir-lhe com um beijo que gostei do presente e que a adoro. "

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL *A FAZEDORA DE NATAIS*

"Porque ela podia deitar tudo a perder, podia ceder a um impulso momentâneo e acabar com anos e anos de casamento como quem destrói com um sopro um castelo de cartas. Mas, naquele momento, não podia desistir daquela ceia. Demasiadas pessoas dependiam do seu esforço para o Natal, naquele ano como nos anteriores. E se era verdade que, naquele instante, o marido não lhe merecia nenhuma compaixão, também o era que não encontrava dentro de si coragem para faltar ao compromisso com os seus pais, os pais do seu marido, os irmãos e as cunhadas, os filhos e os sobrinhos. Independentemente do que viesse a seguir, o Natal tinha de seguir por diante."

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL *HISTÓRIA DE OUTRA FORMA VAGABUNDA*

"A minha irmã é uma mulher forte, decidida e solidária e não tenho dúvidas de que, tivesse nascido ela uma ou duas gerações antes, teria enveredado pelos caminhos da política. É uma mulher de causas e ideais e não lhe falta a paixão revolucionária. Nascida nesta geração de comida feita e causas menores, a minha irmã abraçou na vida pequenas causas que, à sua escala, nunca deixaram de me provocar um sentimento de orgulho e até uma leve nostalgia por tudo quanto sonhei sem ter concretizado."

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL *DESCOBERTA DE NATAL*

"Não soube na altura, como em nenhuma das outras vezes, qual tinha sido a causa da desavença. Socorrendo-me do agudo instinto de sobrevivência das crianças, limitei-me a perceber que era preciso desviar-me a tempo da trajectória dos arremessos. Além disso, seguia os meus pais na discussão a uma cautelosa distância, mas sem os perder de vista, como se mantê-los no meu campo de visão fosse a minha forma de preservar o elo que nos unia."

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL *A D. PATROCÍNIA*

"Era a D. Patrocínia, com o mesmo pó de arroz cor-de-rosa de donzela, o mesmo cabelo branco azulado e o mesmo chapelinho preto com uma flor de feltro do lado direito. Estava como sempre a tinha conhecido, sem ter envelhecido um segundo em todos os anos em que não a encontrara. Rapidamente, fiz de cabeça as contas necessárias para chegar à conclusão que a D. Patrocínia era a única que restava no prédio dos meus pais, de todas as pessoas que ali conhecera em criança. E com aquele estranho dom que tinha de invocar com a sua simples presença um tempo que tinha deixado de ser, devolveu-me à infância e ao tempo em que todos me tratavam por tu."

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL *PEDRA NO SAPATINHO*

"Mas também encontrei vestígios de uma vida impiedosa que não perde muito tempo a acomodar novas ausências e que rapidamente se reajusta ao que deixou de existir. Por aqui e por ali, trocavam-se conversas de circunstância. Como as que nos tinham desviado a todos a atenção dos olhos tristes da Susana e feito com que nunca nos tivessem merecido nenhum reparo."

domingo, 13 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL *ANTÓNIO E AS LARANJAS*

"Percebi, com o tempo, que, tonto como era, também o António tinha crescido e já deixara de ser uma criança para se transformar num homem de tronco largo, com o pescoço quadrado como um touro e dotado de uma força extraordinária que usava sem regateios no trabalho da lavoura. E por pequenos gestos que se repetiam ano a ano, fui sabendo também que o António me dedicava um amor casto e respeitador, tão raso e incorruptível como a visão que tinha do mundo."

sábado, 12 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL *O AVÔ AMBRÓSIO*

"O avô Ambrósio era tão velho e doente que já nem falava. Na verdade, já quase nem abria os olhos e a única mudança visível do seu dia-a-dia era o levantar-se da cama com esforço de manhã e trasladar pesadamente o fardo inerte do seu corpo para o cadeirão da sala onde passava os dias sempre iguais, num contínuo cabeceio dormitado. Mas a véspera de Natal era religiosamente passada em casa do avô Ambrósio."

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL * O NATAL DO RÉS-DO-CHÃO*

"Mal refeito da surpresa, subi ao segundo andar do meu exílio onde, nessa noite, a consoada não foi diferente das anteriores, tirando talvez o facto de saber que, ali mesmo, no rés-do-chão do meu prédio, se celebrava um Natal onde eu cabia por inteiro e onde o clarão fulgurante do lado de dentro da janela faria, por certo, esmorecer a luz pálida e triste que iluminava os ramos esparsos das laranjeiras, no largo do mercado do bairro operário onde eu vivia."

A ESCRITA(S) EM DIA NAS MONTRAS DE NATAL

Página virada nesta história que andamos há um ano a escrever é o facto de a Escrita(s) em dia ter saído do seu cantinho e do mundo virtual para entrar nas montras de Natal à moda antiga. Desde a passada segunda-feira e até ao fim do ano, pode encontrar o nosso Chá com Histórias, o nosso Calendário do Advento e ainda as nossas Caixas com Sorrisos à venda na Loja Temporária O Segredo, na Av. António José de Almeida, nº 7F (junto ao Centro Comercial São João de Deus). Mesmo que já conheça os produtos da Escrita(s) em dia, não deixe de dar uma espreitadela a esta simpática loja onde uma surpreendente variedade de ideias originais vai desafiar o seu conceito de presente de Natal. Mais informações em http://www.lojaosegredo.com/.

CHÁ COM HISTÓRIAS DE NATAL

Porque, ultimamente, o tempo tem voado mais depressa que as palavras, depois de muitos anúncios e promessas, apresentamos-lhe, finalmente, o tão esperado Chá com Histórias de Natal. Esta nova caixa mantém-se fiel ao conceito do Chá com Histórias - por onde toda esta história começou - e traz-lhe uma colecção de doze títulos originais servidos com chá vermelho. Como não podia deixar de ser, o tema central é o Natal, mas este desfile de doze histórias reserva-lhe algumas surpresas e pode ser que, no fim da leitura, o Natal passe a marcar encontro consigo em lugares onde nunca esperou encontrá-lo. O vermelho continua a ser a cor dominante e nesta caixa não falta o pau de canela a abrir o apetite para os nossos chás romanceados. Em Dezembro, a Escrita(s) em dia transforma-se numa verdadeira oficina do Pai Natal e não temos mãos a medir. Por isso, este tem sido um parto lento e demorado. Mas o Chá com Histórias de Natal está prestes a ver a luz do dia e, a partir do dia 15, as caixas estarão disponíveis na versão final. Embarque em mais uma ventura da Escrita(s) em dia e junte-se a nós numa viagem pelo mundo improvável do Natal. Leia, saboreie e ofereça, em versão integral ou avulsa. A partir de hoje e durante os próximos 12 dias, descubra todos os dias mais um trecho de uma história de Natal, aqui, no blog da Escrita(s) em dia onde, em Dezembro, as boas histórias não param de nascer.



Pormenores menos natalícios...
Caixa c/ 12 saquetas de chá vermelho + 12 histórias) € 20
Caixa c/ 3 histórias à escolha € 10
Caixa c/ 1 história à escolha € 5

ETIQUETAS DE NATAL

Com o Natal a aproximar-se a passos muito largos, a Escrita(s) em dia apresenta-lhe duas sugestões para as suas etiquetas de Natal.
A primeira é uma espécie de ex-libris da nossa casa e da nossa produção: metade de uma caixinha em papel kraft com um texto curto onde cabem todas as mensagens de Natal. Porque na Escrita(s) em dia, o Natal quando nasce é para todos. Mesmo para os de poucas palavras.


Para quem gosta de se alongar nas mensagens e no palavreado, criámos uma etiqueta mais conservadora, ao melhor estilo da tradição natalícia que, no verso, traz um texto rimado em que a noção do presente que se desembrulha se cruza com a ideia do presente que fica entre o passado e o futuro.



Pese os prós e os contras e, se ainda não pensou nas suas etiquetas de Natal, faça a sua escolha e envie-nos o seu pedido. Encontra-nos no endereço do costume, em escritasemdia.carla@gmail.com. Ficamos à espera de saber o que vai querer dizer este Natal.
Os pormenores...
Etiqueta "caixinha"  (disponível em conjuntos de 10) 7,5
Etiqueta "Um presente só presente sem depois" (disponível em conjuntos de 10) 5

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

UM ANO DE ESCRITA(S) EM DIA


Ao fim do primeiro ano de existência, toda a história, com princípio, antes do meio e sem fim à vista...

CHÁ COM HISTÓRIAS

Esta foi a primeira estrela no universo luminoso da Escrita(s) em dia e podemos chamar-lhe, com toda a propriedade, uma estrela de Natal: uma caixa de chá com doze histórias diferentes, todas elas milimetricamente concebidas para serem digeridas no tempo que uma caneca demora a beber. O mote foi dado pelas janelas e os textos construídos ao longo das duas semanas que durou a nossa primeira maratona de trabalho.
O Chá com Histórias nasceu em Dezembro de 2008 e é uma caixinha de surpresas onde as histórias se sucedem ao ritmo das canecas de chá, por ordem aleatória, ora tristes e melancólicas, ora brincalhonas e divertidas ou ainda irónicas e imprevistas. Um sortido de histórias, onde decerto encontra uma que lhe sabe especialmente bem... Para saborear, ler e oferecer, no conjunto, individualmente, ou ainda, numa selecção muito pessoal.







As histórias que lhe propomos...
A louca da casa amarela
"Um dia destes, passei por lá e encontrei, pela primeira vez em muitos anos, a janela fechada, as portadas de madeira cerradas por trás dos vidros como uma proibição. A janela nunca mais voltou a abrir-se e o meu caminho para o trabalho nunca mais voltou ao que era dantes."
A casa de Deus
"E porque Deus mandava, eu obedecia. E comparecia à presença do meu pai, mesmo sabendo que enquanto caminhava vinda do fundo da casa, aspirando o calor pútrido do porco que vivia por baixo e lá nos ia aquecendo os ossos nas noites de geada, com a graça do Senhor, ele enrolava a ponta do cinto à mão direita para em mim semear os restos de revolta que não tinha dissolvido no bagaço."
Quando o vulcão falar
"Já andei por todo o lado nesta terra para onde alguém me enviou em quarentena de emoções, e, a pouco e pouco, os lugares têm deixado de ser desertos estéreis de amargura para passarem a ser chão fértil de onde pode, quem sabe, brotar a nova vida. Tenho cansado o corpo e regenerado a alma. E tenho aprendido com esta gente açoreana que carrega consigo a cruz de viver em cima de um vulcão que, quando nada mais é possível, aceitar é a última vitória."
Não sei se já lhe disse
"Onde não há força, não há carga. Se alguma coisa aprendemos com a velhice é a alijar a carga que não presta. Eu fui-me desfazendo de penas e rancores que sempre são o que mais pesa. Já só me restam boas recordações. Como a do meu marido. Morreu ontem, não sei se já lhe disse... Foi esta manhã a enterrar."
As duas irmãs
"Partilharam justamente a velhice dos pais e ambas choraram no funeral com a mesma dor, o mesmo timbre e a mesma expressão agastada e condoída. Iam à missa ao mesmo dia, à mesma hora e confessavam-se ao mesmo padre, até que o padre, para não perder tempo, lhes disse que bastava que uma se confessasse que ele perdoava os pecados a ambas. Bebiam a mesma qualidade de chá e traçavam recatadamente a perna para o mesmo lado."
Um namoro assombrado
"Desta feita, não fomos apanhados desprevenidos e, apurando o ouvido, conseguimos descortinar distintamente, por entre o ruído metálico das correntes, o som arrastado de passos, como se alguém se movesse lenta e dolorosamente sobre as tábuas. A surpresa deve ter alvoraçado a Carolina porque foi ela quem me guiou as mãos a sítios que até aí julgava proibidos."
Fora de moda
"Não foi sequer preciso chegar ao fim da primeira semana de trabalho para perceber que, apesar de continuar a martelar fielmente a sua “máquina a vapor”, a D. Cesaltina não falhava um prazo, não dava um erro ortográfico que fosse, tinha a correspondência em dia e o arquivo mais organizado que certas secções da Torre do Tombo."
Pelo sinal da Santa Cruz
"E Deus me desfira um golpe na cabeça se algum dia alguém desconfiar que sempre que vou a Portalegre, passo na rua do convento e paro à janela do quarto onde dorme a Mariana, sonhando que lhe dispo o hábito engomado, que pelo corpo todo lhe saboreio a pele leitosa de noiva do Senhor e lhe beijo os olhos claros e azuis que um dia hão-de espelhar o Paraíso."
Amoras maduras
"Em Lisboa, eu deitava mãos ao novo ano e barrava fatias grossas de pão branco com doce de amora, avidamente, até se deitar fora o último frasco vazio e eu me esquecer que tinha uma avó na província. Houve um ano em que os meus pais foram comigo. A avó estava doente. Encontrei-a deitada, sem força, quase sem poder falar. E vivi sozinha o tempo que as amoras demoraram a amadurecer."
A herança
"Eu fiquei tão órfão como tinha sido até aí, acompanhado pelos de sempre: uma mãe ausente e um pai envolto numa vaga memória de ódios recozidos. Fiz-me adulto como pude e, de trabalho em trabalho, acabei por chegar a uma empresa onde as coisas correram melhor que de costume e onde fiquei."
Lenço dos namorados
"Trazias o cabelo apanhado numa transsa, o surrizo com que bais ao bailarico e os olhos enxarcados de meiguice. E eu não pude mais do que parar, a olhar p’ra ti como pr’um anjo, assim posta com uma crôa de luar e saia feita da caruma dos pinheiros. Quando por fim me paçaram os maus binhos, curri como lôco a despedir-me, mas já o cumboio tinha partido."
A janela do morbundo
"Vai, Adelina, dá-te ao desfrute, aceita os convites para jantar
e os olhares gulosos dos vizinhos.
Diz que sim a quem te cobiçar.
Se te convidarem para dançar, por Deus, aceita,
abre as pernas quando assim te apetecer
e geme como eu gosto de te ouvir."
E outros pormenores...
Contém 12 saquetas individuais de chá + 12 histórias subordinadas ao tema “Janelas”. Disponível nas variedades Chá de Marrocos e Chá de citrinos (chás da Lipton).
Produto disponível Natal/2009.
Caixa c/ 12 histórias €18
Caixa c/ 1 história à escolha €3,5
Caixa c/3 histórias à escolha €7,5



CHÁ COM HISTÓRIAS DE AMOR

Durante o mês de Janeiro de 2009, aproveitámos para respirar fundo, recuperar do esforço do Natal e preparar aquela que foi a primeira oferta amplamente divulgada da E@D: em Fevereiro, a nossa (então pequena) Lista de Distribuição fez a sua viagem inaugural a que se foram juntando amigos, amigos de amigos e amigos de amigos de amigos. A bordo, serviu-se Chá com Histórias de Amor.
Aqui, o chá deixava de ser individual e vinha num saquinho, para poder ser preparado em bule e partilhado, ou não fosse esta uma criação para o Dia dos Namorados. Além disso, por ter sido a primeira criação aberta ao público da E@D, decidimos dar um tratamento especial aos nossos namorados e namoradas e a cada história juntámos um chocolate. Algures, nestas cinco histórias, encontrámos o nosso primeiro cliente fora do circuito de amigos e gente conhecida. Não podemos dizer que tenham sido muitos, mas alguns namorados e namoradas provaram esta nossa primeira criação e, a crer naquilo que nos chegou, a reacção foi positiva. Por isso e porque estas são histórias que recomendamos vivamente aos mais românticos, desdobrámos a nossa oferta e criámos frascos com uma história e um chá a condizer.


As histórias...
“Mas não podia negar que lhe sabia bem voltar a encontrar-se com as páginas em branco como quem se encontra com o destino. Com medo, ânsia e um ligeiro tremor de excitação.”
“Entrei nos meus celibatários quarenta anos a abrir caminho pela manhã, entre a preguiça resistente da noite e o beijo que nunca tinha dado à Inês.”
“Nem sei tão pouco se lá, onde sai, se encontra com alguém que por ele espera com um sorriso amanhecido e o agasalho merecido de um abraço. Mesmo que assim seja, não me importo.”
“A sala pequena que os tectos esconsos e a presença imponente da proprietária tornavam ainda mais diminuta parecia-lhe quase escandalosamente íntima para um encontro de cortesia entre dois vizinhos.”
“Mas tinha-se habituado a viver com a versão de que a Alice era a mulher do seu irmão. E a vida tinha continuado, a partir desse pressuposto. A verdade, a decepção, a tortura, estava do outro lado. No reverso. No avesso. Como, de resto, costuma acontecer.”




 

E outros pormenores...
Contém 5 histórias de amor e um saquinho de chá. Disponível nas variedades Chá de Canela, Chá de Maçã e Canela e Chá Preto com Baunilha.
Produto disponível Natal/2009.
Caixa c/ 5 histórias € 20
Frasco c/ 1 história € 6

O PAI, O FILHO E A BICICLETA

Em Março, chegado o Dia do Pai, apresentámos mais uma criação que recrutou novos membros para o universo da E@D: nascia a trilogia O Pai, o Filho e a Bicicleta, uma santíssima trindade onde se contavam três versões da mesma história e que vinha acompanhada por três aperitivos de luxo: milho frito gigante, fava frita e cajus cobertos de caramelo. E sendo este um menu de degustação onde a ordem dos pratos é fundamental, as histórias devem ser lidas pela ordem em que os personagens aparecem no título.



A história nas versões...
Do pai
"Talvez ela também me respondesse simplesmente, Entendido, na mesma linguagem neutra de ponto- ponto- traço- traço- ponto, uma troca telegráfica de desilusões, pequenos sinais codificados que levavam consigo uma informação sem emoções, objectiva, despojada e eficaz. Se eu conseguisse, pela repetição compulsiva daquela pequena frase, Luísa, quero o divórcio, fazer com que tudo se resumisse a uma simples passagem de informação, talvez pudesse evitar- nos a todos um desgosto maior, o que se anuncia quando atrás de uma simples frase como esta vem o carpir de tudo o que se perde, a celebração do que desmorona, a ladainha arrastada de fazer o inventário das tristezas, dos desgostos, das saudades. Se eu conseguisse desligar esta frase do resto do alfabeto, se fizesse com que ela fosse apenas uma sequência de letras, aquém e além da língua que falamos, se ela deixasse de fazer parte da mesma língua em que se diz traição, afronta e infidelidade, talvez a Luísa entendesse que esta era apenas uma decisão anónima, sumária e conclusiva como uma certidão de óbito."
Do Filho
"Não era que ali estivesse por acaso... Mas havia qualquer coisa nos seus gestos, na maneira como falava e como se movia dentro de casa, na auto¬ determinação com que entrava e saía sem pedir licença, que eu interpretava como um aviso de que, ao mais pequeno passo em falso, ele podia ir-se embora. Deixar de estar ali. Deixar de nos pertencer. Talvez fosse por isso que me dava ao luxo de ignorar consecutivamente as ordens e os pedidos da minha mãe, levando-a por vezes a um estado próximo da loucura, ao passo que cumpria a mais ínfima instrução, à primeira voz de comando, assim que o meu pai erguia um pouco a voz e me abria os olhos. Com a minha mãe, partilhava um amor incondicional. Com o meu pai, sentia que era um amor negociado, disciplinado e com regras, em que a afeição se misturava com o respeito, e a autoridade espreitava até a ternura dos abraços. Um amor que dependia do meu comportamento e da sua aprovação."
E da Bicicleta
"Era o primeiro golo, o primeiro jogo visto no estádio, a primeira bifana e a primeira imperial, era o primeiro cigarro, o primeiro beijo e a primeira namorada. Era o primeiro amor feito à pressa e de urgência no banco de trás do carro velho que ele decerto lhe emprestaria nos dias em que entrasse mais cedo na faculdade. Era o diploma nas mãos e o primeiro emprego, a primeira casa e tudo quanto havia para saber sobre a argamassa de que são feitas as paredes, era o primeiro filho, o primeiro banho, a primeira palavra e os primeiros passos. Eram os primeiros cabelos brancos e as primeiras noites sem dormir e também as primeiras dúvidas que ele, pai, podia agora ajudar a esclarecer. E também todas as novas Primaveras que estavam por nascer, mesmo quando à primeira vista parece que o Inverno não tem fim..."
E outros pormenores...
Contém 3 versões da mesma história e três variedades de aperitivos
Produto disponível Natal/2009
Caixa €15

HISTÓRIAS DA PRIMAVERA

E depois de Março, chegou Abril e a Páscoa. A partir da ideia de Ressurreição e do incontornável despontar da Primavera, criámos uma caixa à volta do renascer, com uma colecção de cinco histórias encadernadas em conjunto, o que se percebe quando se chega à última. As Histórias da Primavera vinham acompanhadas de rebuçados de ovo tradicionais de Portalegre e um ovo em cerâmica pintado à mão.



As histórias...
Às mãos do destino
“Nascera num tempo de pobreza e de miséria, numa aldeia insignificante perdida num ermo da lonjura a que alguém, muito apropriadamente, dera o nome de Trás¬ os¬ Montes. As fronteiras de um país fechado ao mundo impunham àquela região a condição de não ficar perto de coisa nenhuma, apenas irremediavelmente longe da metrópole do progresso, o brando epicentro do pequeno mundo português de então que era Lisboa.”
O segredo da ervilha
“Era provavelmente o segredo mais bem guardado da sua vida. Um que seguramente nunca partilhara com ninguém e era quase certo que jamais o faria, e um que ele próprio só se permitia revisitar nos dias em que se cumpria mais um ano do seu feliz casamento.”
Herói de guerra
“O álcool que consumia a largos goles e sem hora certa tinha-lhe entorpecido a memória e eram mais que as outras as alturas em que não sabia dizer há quanto tempo vivia naquela caixa de cartão, na entrada recolhida de um prédio de Lisboa.”
O dia do seu aniversário
“Fazia anos nesse dia. Trinta e cinco, segundo as suas contas. E olhando para trás, apesar dos muitos elogios que recolhia à sua volta vindos de quase todos os quadrantes da vida, não podia dizer honestamente, de si para si, que se orgulhasse muito do que construíra.”
Sob a fina chuva de Abril
“A razão escapava-lhe, mas alguma coisa nesse dia a fez recuar dez anos na vida, à altura em que o seu casamento tinha acabado há tempo suficiente para se ter já desembaraçado das más recordações e dos travos amargos do fim, mas em que sentia que o corpo e a alma não se tinham refeito totalmente do abalo.”
E os outros pormenores...
Contém 5 histórias, 3 ou mais rebuçados de ovo e um ovo de cerâmica pintado à mão.
Produto indisponível Natal/2009




RAFAEL OU O FILHO DO MEIO (UMA HISTÓRIA DE ANJOS E FLORES)

Em Maio, foi a vez do Dia da Mãe e reeditámos o nosso clássico chá. O acompanhamento era uma longa história, escrita em formato de documentário, sobre os encontros e desencontros de uma mãe e um filho. Rafael ou O Filho do Meio (Uma História de Anjos e Flores) foi, para muitas mães, o cartão de visita da Escrita(s) em Dia. No nosso menú, incluímos chás bem aromatizados em substituição do perfume e a caixa vinha enfeitada com o tradicional ramo de flores.

Um pedaço da história...
"Só quando ele dirigiu o olhar para cima da secretária onde o seu último vaso jazia com a avenca completamente murcha e muito para lá de ressurreição possível, é que percebi que se referia, na realidade, à sua última planta, aquela que, apesar de todos os esforços, de todos os sacrifícios, apesar de lhe ter dedicado o primeiro fôlego da manhã e o último grão de vida do seu corpo ao fim do dia, não tinha conseguido salvar. Creio que não me enganei ao pensar que se referia um pouco às duas coisas e talvez até a algo mais transcendente. O Rafael tinha-se tornado humano como nós. O meu gigante incansável soçobrava. Gulliver morria. À sua maneira, o Rafael tinha deposto o estandarte e chorava a morte da esperança."
E outros pormenores...
Contém 1 história, 1 infusor com a marca da E@D e uma dose de chá. Disponível nas variedades 2001 Noites, Pôr-do-Sol e História de Encantar (chás da First Flush).
Produto disponível Natal/2009
Caixa € 15

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

ILUSTRADOR PRECISA-SE

Em Junho, celebrámos o Dia da Criança com a edição de uma história à procura de ilustrador. Nesta criação, o livro era o único atractivo: uma história para ser lida, contada e posteriormente ilustrada pelos presenteados. Mais tarde, um bom testemunho de como se via o mundo em ponto grande. Uma co-produção entre a E@D e todas as crianças do seu universo. A edição original aconteceu com a história Quando a mãe chora e, mais tarde, em resposta ao desafio lançado por uma amiga da casa, foi alargada com a história Uma zebra dançarina. Mudam os títulos, uma é em verso, a outra não, mas, no que diz respeito às ilustrações, o princípio mantém-se.





OS OUTROS PORMENORES...
Contém 1 livro desmontável onde podem ser introduzidas as ilustrações das crianças.
Produto disponível Natal/2009.
Quando a mãe chora/ Uma zebra dançarina € 12,5

OS CACTOS DO SANTO ANTÓNIO

Ainda em Junho, saímos pela primeira vez à rua e levámos os nossos Cactos do Santo António a debutar no Mercado Urbano do SOU.

Porque onde há santos, há pecadores, os nossos manjericos eram cactos com histórias de  inveja, gula, soberba, preguiça, ira, luxúria e avareza.

SETE PECADOS MORTAIS

Durante o Verão, descansámos e, entrado o Outono, os nossos sete pecados mortais trocaram os cactos pelos bombons de chocolate negro e transformaram-se numa deliciosa caixa de bombons acompanhados de pecados, numa ligação não de todo inesperada.



 O fim das histórias...
Inveja
Quando ela entrou pela porta da pastelaria, levantou-se da cadeira e abriu o seu melhor sorriso para a receber. Um sorriso de sincera amizade. Finalmente, podiam ser amigas de verdade.
Gula
Levantou-se a ver se tinha sobrado um pedaço de chocolate na despensa. Aquelas notícias faziam-lhe sempre uma azia desgraçada.
Soberba
Despediu-se de Jesus repetindo mentalmente que podia estar velha, mas ainda era mulher para arrancar uma penitência pesada a qualquer padreco de vinte e poucos anos com a mania das modernices.
Luxúria
Resolveu que não tinha motivos para se preocupar. Do seu lado, tinha muitos e bons argumentos para o fazer voltar.
Ira
“Aquele que ali vai é o empregado mais antigo da casa, o braço direito e um amigo de longa data do patrão. Um homem de um trato impecável. Há muitos anos que cá estou e nunca o ouvi levantar a voz.”.
Preguiça
...mas ela não conseguia senão pensar em como lhe sabia bem aquele silêncio, a sensação de não ter biberões para ferver nem fraldas encharcadas para mudar e de poder dormir longamente e em sossego pelo tempo que lhe apetecesse.
Avareza
À falta de lágrimas genuínas, tinha mais que o bastante para comprar a quem o rodeava a obrigação de exprimir empenhadamente – de forma quase sincera – como lamentava a sua triste sorte.
E outros pormenores...
Contém 7 bombons de chocolate negro + 7 histórias sobre os sete pecados mortais.
Produto disponível Natal/2009
Caixa € 15




HISTÓRIA DE NATAL COM LETRAS

Em Novembro, antecipámos o início da quadra natalícia com o obrigatório Calendário do Advento, onde uma história com sabor a chocolate conta como se juntaram as letras que formam a palavra Natal.

CAIXAS COM SORRISOS

Ainda em Novembro, foi na ideia dos presentes embrulhados que encontrámos inspiração para as Caixas com Sorrisos, pequenas caixas em papel kraft feitas à mão, fechadas com uma tira de cartolina carimbada, onde um texto simples em que se fala de Natal, presentes e tantas outras coisas, é o suporte ideal para o que decidir colocar lá dentro e oferecer. Uma ideia original a que só tem de juntar o conteúdo. Tudo somado, vai ver que o Natal não lhe sai caro...




Um pedaço do texto...
"Gosto de um gostar guloso e não necessariamente esfomeado, como se gosta de ver os sonhos e as filhoses empilhados nas travessas, mesmo que sobrem, ao fim da consoada. Às vezes, como tantos outros, não gosto especialmente do que as caixas e os embrulhos trazem lá dentro, mas gosto de ver como as pessoas sorriem de cada vez que desembrulham mais um presente. Até gosto do sorriso amarelo que alguns fazem quando percebem que nunca vão usar a gravata, a camisola ou o perfume que lá vinha escondido."
E outros pormenores...
Caixas dobradas e prontas a montar em conjuntos de 10.
Disponíveis nas versões Verde, Vermelho e Sortido (mistura das duas cores).
Inclui tira de cartolina carimbada para fechar.
Produto disponível Natal/2009
Caixa c/ 10 caixinhas € 12,5